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terça-feira, 10 de agosto de 2010

O uso dos novos Equipamentos eletrônicos automatizados a bordo e nos Órgão ATS

Tanto por parte dos Controladores, quanto por parte dos Pilotos, todos destacam que inúmeros são os benefícios que os equipamentos eletrônicos automatizados modernos trazem, mas, porém, todos são unânimes em salientar que em seus bojos, estes mesmos equipamentos trazem uma série de cuidados, precauções, e não excluem a possibilidade da interferência humana.
Por que escolhemos os argumentos de pilotos e controladores para este tema? Apesar de os perfis destes profissionais serem praticamente iguais nas suas essências, estes mesmos perfis apresentam uma diferença singular. Os Pilotos, além de possuírem vasto conhecimento científico, também são formados e doutrinados para cumprirem procedimentos operacionais vitais e previamente estabelecidos, em manuais e através de “checks-lists”, e que precisam ser rigorosamente observados e executados como um verdadeiro rito cerimonial, pois deles depende o sucesso do vôo, por outro lado os controladores, também com vasto conhecimento científico e tecnológico necessitam em suas atividades de Controle, “usar suas criatividades” para poder dar continuidade e fluidez ao tráfego aéreo.
Justifico:
Para os Pilotos é inadmissível que durante a operação da aeronave, quer seja em vôo ou mesmo no solo, “venha a se falar em criatividade” para dar continuidade à determinada situação operacional. Há que se cumprir sempre e fielmente, o previsto nos manuais de operação e checks-lists da aeronave e se existir qualquer detalhe não previsto e irremediavelmente irrecuperável, em última instância, poderá o piloto em comando até “não prosseguir com o vôo”, retardando ou mesmo cancelando a operação.
Apesar de parecer óbvio, os pilotos podem até realizar sempre os mesmos vôos, partir dos mesmos aeroportos e chegar nos mesmos destinos, nas mesmas aerovias e mesmos níveis de vôo, mas é também inconteste que nem sempre chegam para as aproximações, nas mesmas condições dos vôos anteriores, justamente pelo dinamismo dos próprios vôos e da atividade ATS/ATC.
Muito se tem feito para diminuir cada vez a interferência (uso da criatividade) dos controladores, em todos os países, permitindo assim que o “automatismo funcione a pleno” e tudo saia de conformidade com o previsto e planejado. Podemos chamar a isto de “estratégia do gerenciamento do fluxo de trafego aéreo”.
Por outro lado, é notório que também existem os “fatores e condições não previstos” de todos os tipos, que poderiam ser enumerados aqui, tornando o assunto cansativo, por isso vou me limitar a três argumentos:
O cenário ATS, ou seja, vários tipos de performances das aeronaves que precisam utilizar os espaços aéreos simultaneamente a outras aeronaves, mais velozes ou de menor performance, de maior ou de menor porte, e que precisam ter respeitados os seus direitos de utilização desse espaço, juntamente à condição e capacidade aeroportuária, para poder permitir à movimentação das aeronaves no solo e no espaço aéreo e para finalizar a própria condição dos vários Órgãos ATS, quero dizer, a estrutura física organizacional e de capacitação operacional de seus equipamentos e seus profissionais;
Os aspectos regulamentares operacionais, tais como os inúmeros tipos de separação que podem ser mais ou menos conservadores, mas que precisam existir para a própria segurança da operação e das aeronaves e aí não se trata de dizer que isto é coisa de país sem condições de assimilação de todo o movimento aéreo. Até nos países mais capazes de assimilar toda a quantidade aeronaves, em vôo e nos aeroportos com grande capacidade de fluidez, com pistas paralelas separadas regularmentarmente e com saídas rápidas, além de outros recursos e procedimentos no solo, os controladores precisam interferir nos “seqüenciamentos e ordenação dos tráfegos para adequá-los à uma condição de momento”. Esta é a “Tática Operacional ATS”.
Com esta exposição quero salientar que o automatismo é muito bem vindo nos órgãos e procedimentos ATS e também a bordo das aeronaves, pois graças a ele (automatismo), hoje temos uma situação de fluxo de tráfego aéreo mais condizente à realidade global, diante da sofisticação dos equipamentos, a bordo e no solo, e que diferentemente do passado não tão distante, permite a operação aérea de forma mais racional, econômica e de preservação do meio ambiente, mas temos que levar em consideração a necessidade da “interferência humana”, para adequação ideal de uma situação operacional, e não se trata de uma “certa flexibilidade”, mas sim de uma análise fria e consciente diante da realidade operacional aérea.

2 comentários:

  1. Muito apropriada a matéria, nada mais prudente que sejam observadas rigoramente todas as normas de procedimentos, muito mais, aplicação da mais ampla tecnologia para segurança de todos.
    parabens p/materia

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  2. Caro DR. JOÃO ROBERTO, Obrigado. O seu parecer legal também está correto. A tecnologia está aí para ser cada vez mais implementada na Aviação e é claro, sempre de acordo com as normas legais, seja formais ou mesmo até consuetudinárias, as quais também na Aviação assumem papel importante com fonte do Direito.

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